Bem-vindo a Armengue City. Já imaginou chegar a Salvador e ser recepcionado com uma faixa assim (provisória, provavelmente)? A julgar pela quantidade de equipamentos temporários que se tornam permanentes na cidade, o nome cairia bem. Os improvisos definitivos, talvez você não saiba, começam pela sede da prefeitura. O prédio, construído em maio de 1986, deveria abrigar o Executivo municipal por apenas 6 meses. Porém, 25 anos depois, continua tudo como dantes no quartel soteropolitano.
Prefeitura foi construída para durar seis meses – No local onde é a sede da prefeitura de Salvador, na Praça Municipal, funcionava a antiga Biblioteca Pública, demolida em 1970. O Executivo municipal, na época, ficava no Engenho Velho de Brotas. Em 1986, o então prefeito Mário Kértesz decidiu transferir a sede para um imóvel no Centro Histórico. Porém, enquanto não se encontrava local apropriado, Kértesz pediu ao arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, que projetasse um edifício provisório na Praça Municipal. Em apenas 12 dias, o prédio foi erguido e inaugurado, em 16 de maio de 1986.
Pontos de ônibus – A cobertura, feita com pedaços de madeira e telhas, assusta quem tenta se abrigar no ponto de ônibus improvisado na avenida Paralela, perto do Condomínio Amazônia. “Essa tenda que eles chamam de ponto já tem quase três anos. É do tempo da construção do Canal do Imbuí e até agora ninguém entendeu por que continua de pé”, diz o promotor de vendas Eduardo Martins, 26.
A Transalvador, em nota, tentou esclarecer. Tentou. O comunicado diz que “dentro de pouco tempo” as empresas JC Decaux e Cemusa, que implantam e administram os pontos de ônibus, vão retomar a implantação de novos abrigos, incluindo a estrutura definitiva do ponto próximo ao Condomínio Amazonas.
Passarela – Outro ponto provisório sem prazo fica na rua Octávio Mangabeira, em São Cristóvão, e é composto de ferro e madeira. Desde dezembro de 2008, uma passarela foi instalada “para atender à necessidade premente da população, devido às obras do Complexo Dois de Julho”, diz o Departamento de Estradas e Rodagens da Bahia (Derba). Três anos depois, a Rótula do Aeroporto já está pronta, mas o equipamento – alugado por R$ 22 mil ao mês – deve ficar onde está até fevereiro de 2012, quando vence o contrato de locação.
Enquanto isso, moradores evitam a passarela. “Se é para arriscar, passo por baixo mesmo. Isso é um horror. Não tem cobertura, a gente não sabe se as tábuas vão quebrar. Não me sinto segura”, diz a auxiliar de operações Adriana Cardoso, 27.
A passos lentos por causa de uma lesão na perna esquerda, a dona de casa Cristina Rosário, 36, conta com a boa vontade da doméstica Erica Conceição, 33, para encarar o “Transformers de São Cristóvão”, em referência ao filme em que carros se transformam em robôs. “Quando chove, a passarela fica escorregadia. Já vi uma senhora tropeçar em uma tábua e as compras que ela carregava caírem na pista”, conta. “É uma demora retada para construir a passarela de verdade”.
A demora retada vai durar até março de 2012. De acordo com o Derba, esse é o prazo de conclusão da obra que o órgão diz que iniciou em julho deste ano. A lentidão da obra é atribuída pelo órgão à intensidade de trânsito e pedestres na via e interferências de tubulações de água, gás e telefone. O custo da obra é de R$ 2,5 milhões.
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Unidades policiais – Em Cajazeiras, um posto da Polícia Civil que funcionava como extensão da 10ª Delegacia (Pau da Lima) foi promovido à 13ª Delegacia em 1994. “A proposta era construir um complexo de segurança pública na Fazenda Grande III. Mas os recursos foram usados na ampliação do pequeosto. Naquele ano, inauguramos a minidelegacia provisoriamente, enquanto mais recursos eram obtidos. Só que a cena não muda, a população cresce e ficamos sem estrutura”, lamenta Evanir Ribeiro, líder comunitário.
A Polícia Civil diz que existe um projeto para construção de um complexo de segurança na região, mas que é necessária uma área de 2 mil metros quadrados. A 3ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), segundo Ribeiro, também ocupa espaço provisório. “Há mais de dez anos a companhia está instalada em um prédio que pertencia a uma ONG para deficientes físicos. Como o local estava abandonado, foi ocupado pela PM, mas também em caráter provisório, já que seria construído o complexo de segurança”, diz. Segundo a Polícia Militar, a sede da CIPM, criada em 1999, é definitiva e passou por uma ampla reforma em 2004. Um novo projeto de ampliação deve ficar pronto em 20 dias.
Escolas – Perto dali, no Setor E de Mussurunga, o CORREIO encontra uma creche que funciona provisoriamente há dez anos na sede do Centro Social Urbano (CSU) do bairro. O líder comunitário Reginaldo Ribeiro afirma que estado e prefeitura brigam para que o Centro Municipal de Educação Infantil Almir de Oliveira (CMEI) seja transferido para outro local. “O CSU pertence ao estado, que cedeu espaço provisoriamente para a prefeitura. A nova creche deveria ser construída no Setor C, mas até agora nem sinal de obra”, conta.
Segundo a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), o caso, que envolve outros cinco CMEI (Narandiba, Pernambués, Valéria, Castelo Branco e Cosme de Farias), foparar no Ministério Público.
Em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em maio de 2009, a prefeitura concordou em transferir as escolas até o final daquele ano. Dois anos depois, só a pré-escola de Narandiba foi transferida. Em Pernambués, a previsão é que o espaço seja desocupado até dezembro de 2012. Já em Valéria, a escola só foi transferida porque o CSU entrou em reforma no final de 2010.
De acordo com a Sedes, a Secretaria Municipal de Educação (Secult) não procurou o órgão para tratar da situação das creches de Mussurunga, Castelo Branco e Cosme de Farias. Os espaços foram emprestados em 2001 com contrato de 2 anos. Em nota, a Secult assegura que já procura imóveis em Mussurunga e Cosme de Farias para transferir o centro de ensino. Já em Castelo Branco, o CMEI José Renato Monteiro Lobato deve ser transferido esta semana, mas novo endereço não foi informado.
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