Agenda Bahia: somente com transporte na Bahia, houve aumento de 160% em sete anos

O baixo investimento em infraestrutura aumenta gastos com o transporte das mercadorias até seu destino final: o consumidor, que acaba pagando mais caro. Este será um dos temas do Agenda Bahia

Com aeroportos, rodovias, estradas, ferrovias e portos deficientes e precários, os custos logísticos para os empresários baianos cresceram muito nos últimos anos. Entre 2003 e o ano passado, somente os gastos com o transporte subiram em torno de 160%, de acordo com informações da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) – apenas para efeito de comparação, no mesmo período, a inflação foi de pouco menos de 55%. Infraestrutura é o tema do primeiro seminário do Agenda Bahia, que será realizado amanhã.

O custo logístico brasileiro é de 12% do PIB (o terceiro maior do mundo) e o país investe apenas 0,9% da soma total de suas riquezas em infraestrutura no transporte, contra quase 5% da Rússia, Índia e China, outras nações também consideradas emergentes. “É preciso inverter esta equação rapidamente para o Brasil não perder o bonde da história”, disse o empresário José Albuquerque Oliveira, que exporta frutas para a Europa e os Estados Unidos.

Na Bahia, dos quase 28,3 mil quilômetros da malha rodoviária estadual (incluindo rodovias federais e pistas administradas por concessionárias), menos de 300 quilômetros são duplicados, segundo informações da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra) e da Polícia Rodoviária Federal. “Apesar de muitas promessas, as obras de duplicação das principais rodovias que cortam a Bahia ainda não começaram”, disse Junaldo Correia, chefe da 1ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (Simões Filho).

Como a concentração no modal rodoviário é muito grande e as estradas são ruins, os empresários perdem competitividade. “No transporte dos grãos das fazendas até as unidades fabris (beneficiamento), a perda chega a 3%. Isso porque, em geral, os caminhões e carretas não estão nas mesmas condições dos que rodam para os portos.

As estradas, na maioria das vezes, são vicinais, sem asfaltamento, e não raramente se encontram em condições precárias. Estradas ruins e ausência de modais como trens contribuem para elevação dos custos de produção”, ressaltou Sérgio Pitt, vice-presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).
Sérgio Pitt disse que a falta de infraestrutura pesa muito no bolso dos empresários. “O custo médio da logística brasileira é 1,5 maior do que a dos Estados Unidos e duas vezes superior à da China. E, se não bastasse, convivemos com uma excessiva carga tributária”.

As constantes reclamações dos empresários e o fato de Salvador sediar a Copa do Mundo pela primeira vez podem transformar esta realidade. Há grandes investimentos previstos para o Aeroporto Internacional Deputado Luis Eduardo Magalhães e estradas, além da construção de uma das mais importantes obras no país – a Ferrovia de Integração Leste-Oeste (Fiol), que vai passar por quase 50 municípios da Bahia e integrar o estado.

Aeroporto terá R$ 100 milhões até 2013 – Segundo a Infraero, somente o aeroporto da capital baiana deverá receber investimentos de cerca de R$ 100 milhões nos próximos dois anos. Os recursos serão empregados em obras de infraestrutura, como troca dos elevadores, esteiras e escadas rolantes, ampliação dos sanitários e do número de pórticos para inspeção de bagagens, além da construção de mais um andar do edifício garagem, ampliando o número de vagas para 2.300 (atualmente o estacionamento tem capacidade para 1.300 veículos).

O superintendente da Regional Centro-Oeste da Infraero, José Cassiano Ferreira Filho, disse que outras obras estão previstas. “Para melhorar o acesso dos passageiros e usuários do estacionamento ao embarque, será construída uma passarela interligando o primeiro andar do edifício garagem ao terminal. O pátio de manobras também ganhará mais duas posições de estacionamento de aeronaves e uma nova pavimentação, substituindo a atual, de asfalto, por pavimento de concreto”, acrescentou.

Ferrovia deve criar novos polos no estado – A maior esperança dos empresários baianos para ampliar a competitividade e as exportações e a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, projeto orçado em R$ 6 bilhões – do total, R$ 4,2 bilhões serão investidos apenas em território baiano. A nova linha férrea terá cerca de 1.500 quilômetros, ligando Ilhéus até Figueirópolis (TO). “Após a conclusão da obra, certamente o custo para o transporte de insumos e produtos diversos deve cair e existe uma possibilidade muito grande de implantação de novos polos agroindustriais”, disse Sérgio Pitt.

Estado mapeia estradas com problemas – Apesar das críticas de empresários, o secretário estadual da Infraestrutura, Otto Alencar, disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que o governo tem se empenhado para melhorar as condições das rodovias baianas, realizando obras de construção e recuperação em todas as regiões. “Com isso (as obras), a economia só faz crescer.”

Otto Alencar, que também é vice-governador, afirmou que o governo mapeou os principais problemas das estradas que cortam a Bahia. “Além de contribuir para o escoamento da produção, as estradas pavimentadas que estamos construindo ou recuperando vão facilitar o acesso às cidades, promovendo mais desenvolvimento para o estado.”

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