Grande Salvador sofre com um protesto por dia

Ronald Rodrigues, 38, é
vigilante e tem a impaciência de quem espera há dois anos por pavimentação e
iluminação pública onde mora, na Passagem dos Teixeiras, distrito de Candeias
(Grande Salvador). Priscila Viglio, 30, é empresária  e perde a paciência ao esperar quatro horas
para chegar ao trabalho, no Centro Industrial de Aratu (CIA), trecho que faria
em meia hora, não fosse ter que enfrentar 50 km de engarrafamento.
Só no último mês, nove
manifestações bloquearam ruas e estradas na Grande Salvador, causando impactos
no trânsito, mas muitas outras ocorreram com efeitos sentidos apenas
localmente. “Às vezes, acontecem quatro ao mesmo tempo, mas a média é de uma
por dia”, revela o diretor de trânsito da Superintendência de Trânsito e
Transporte de Salvador (Transalvador), Renato Araújo.
Bloquear avenidas e
rodovias é um expediente que vem sendo tentado por todo o Estado, e com sucesso
em muitos casos, para cobrar do poder público desde licitação para o transporte
alternativo até a apuração de crimes cometidos por policiais.

Crítica – “Fico
revoltada. É injusto com as milhares de pessoas que passam por lá (BR-324).
Tinham que protestar era na porta da prefeitura”, queixou-se Priscila, que
chegou atrasada ao trabalho no dia 24 de outubro, quando moradores de Passagem
dos Teixeiras bloquearam a pista para pedir melhorias no local e isenção no
pedágio.
“Infelizmente, no
Brasil, o único jeito de chamar a atenção é esse”, justificou Ronald, um dos
organizadores da manifestação que travou a BR-324 com pneus queimados, das 6 às
15h.
Polícia – O governador
Jaques Wagner deu ordens ao secretário da Segurança Pública, Maurício Teles
Barbosa, e ao comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alfredo Castro, de
que não seja mais permitido o fechamento de vias por manifestantes. “A
determinação é não deixar obstruir nenhuma via, e agora apurar a participação
de cada um dos autores das manifestações para imputar as responsabilidades por
qualquer coisa que aconteça com uma pessoa que não esteja sendo socorrida (por
ambulância) ou qualquer outro prejuízo”, revelou Barbosa. O Batalhão de Choque
da PM será chamado para atuar, segundo o secretário.
Dizendo-se um
“democrata convicto”, o governador garantiu, em entrevista exclusiva ao A
TARDE, publicada na última segunda-feira, que o direito à liberdade de
expressão será preservado, mas criticou este tipo de protesto: “Não acho válida
a manifestação que empata a vida das pessoas, e quando você empata o trânsito
você pode estar matando uma pessoa em um carro tentando chegar a um hospital.
Para externar a opinião, há canais de rádio, televisão, jornais, que, sem
dúvida nenhuma, são os maiores fiscais que qualquer governo tem. Me custa muito
mais caro politicamente uma crítica, um problema sendo veiculado (na imprensa)
do que uma coisa feita pontualmente”, disse.
Fonte: http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=5788165

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