A última semana foi marcada pelos protestos contra o aumento das passagens de ônibus em todo o país. Mas será que nossa passagem de ônibus é tão cara? Em matéria especial do site da Folha desta segunda-feira (17) foi publicada uma breve pesquisa sobre o preço das passagens de ônibus em dez cidades ao redor do mundo, comparando-as com Rio e São Paulo, onde os protestos foram mais intensos.
Segundo a matéria, muitas análises pesquisam o preço na moeda local e os transformam em dólar. Os resultados chegam à mesma conclusão: o Brasil está longe de ser o local com passagens mais caras – São Paulo e Rio são mais baratas, pela ordem, do que Londres, Tóquio, Ottawa (Canadá), Nova York, Lisboa, Paris e Madri.
Esse tipo de análise é superficial, pois não considera o salário médio; ou seja, um dólar num país é mais fácil de ganhar do que outro.
Numa observação mais realista é preciso levar em conta o preço das passagens em minutos trabalhados, considerando a renda média e as horas trabalhadas em cada cidade.
Ao classificar os preços pelos salários, São Paulo e Rio têm as passagens mais caras. O paulistano tem que trabalhar 14 minutos para pagar uma passagem. Já no Rio, são necessários 13 minutos. Dessa forma são superiores aos quatro minutos dos chineses.
A conclusão dos responsáveis pela matéria, Samy Dana (Ph.D em Business, professor da FGV e coordenador do núcleo GV Cult) e Leonardo Siqueira de Lima (economista pela FGV), foi de que talvez as manifestações não sejam contra o aumento de R$ 0,20 na passagem, mas contra um transporte que não apresenta os serviços encontrados ao redor do mundo.
Eles encerram a análise do tema citando palavras do ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, “a cidade avançada não é aquela em que os pobres andam de carro, mas aquela em que os ricos usam transporte público”. O que está acontecendo no Brasil parece ser o oposto.
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