Enquete A Tarde: Leitores elegem trânsito o pior problema

Novo prefeito terá de reconquistar soteropolitanos descrentes


Com a proximidade das
eleições e das possibilidades de mudança na administração municipal, com a
entrada do 68º prefeito no Palácio Thomé de Souza, a reportagem do A TARDE On
Line foi às ruas saber o que a população espera do novo gestor, que assumirá o
comando da capital baiana a partir de 1º de janeiro de 2013. Mais de 30
pessoas, de 17 a 70 anos, em diversos pontos da cidade; além de sete líderes
comunitários, a maioria de bairros da periferia, foram ouvidos, em três dias.
A maioria dos
entrevistados, com raríssimas exceções, não se ateve à pergunta sobre “qual a
Salvador que a população espera do próximo prefeito”, revelando as expectativas
com o novo administrador municipal, mas aproveitou a oportunidade para apontar
os problemas atuais do município. Uma parte considerável dos ouvidos mostrou-se
pessimista em relação ao futuro da capital. Mesmo os mais jovens, sempre mais
otimistas, não acreditam na possibilidade de melhoria com a entrada de um novo
prefeito.
O que mais a reportagem
ouviu foram frases como: “Salvador está entregue às baratas”, “A cidade está um
caos”, “Salvador está abandonada”, “Isso aqui não tem mais jeito”, “Prefeito só
muda de nome” e “Duvido que melhore”.
Transporte
em xeque
– Os 5710 internautas que votaram – até às 22h30
desta sexta, 15, em enquete realizada pelo A TARDE ON Line para saber qual o
principal desafio que o novo prefeito vai enfrentar ao assumir o cargo,
consideram a tríade da mobilidade: transporte/trânsito/locomoção, o setor mais
carente de atenção na capital. Foram 61,75% do votos para essa opção. Em
segundo lugar, vem a saúde, com 26,05% e em terceiro, a educação na rede
básica de ensino, com 12,21%.
Nas ruas, a maioria das
pessoas ouvidas, apesar de não ter eleito um problema principal, queixou-se das
dificuldades enfrentadas diariamente para se locomover de um ponto a outro da
cidade. As reclamações vão desde a grande espera nas estações de transbordo ou
em pontos de ônibus, até coletivos lotados, frota pequena para a quantidade de
moradores que necessitam do transporte público e demora para chegar ao destino;
além do preço da tarifa recentemente reajustada para R$ 2,80. Atualmente,
Salvador possui uma frota de 2.742 ônibus, informa a Secretaria de Comunicação
da Prefeitura Municipal, para uma população de 2.480.790 habitantes.
Respondendo aos números
da enquete sobre saúde e educação, o órgão, informou que a cidade conta,
atualmente, com 425 escolas municipais e 125 unidades de saúde, incluindo os
Capes.
Trânsito
travado
– Entre os entrevistados por A TARDE, teve quem afirmasse
gastar, em média, 2h30 para chegar ao trabalho todos os dias; quase uma hora a
mais do que tempo médio para ir de Salvador a Feira de Santana, cidade
localizada a 118 quilômetros da capital. A vendedora Janete Ferreira, 35 anos,
por exemplo, diz que entra no ônibus às 07h, em Castelo Branco, e sempre chega
atrasada ao trabalho, às 09h30. Além da demora, faz todo o trajeto, na maior
parte das vezes, em pé. “Está sempre lotado”, reclama.
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Pessimismo
inicial
– O quadro de desânimo em relação às possíveis
mudanças, no entanto, é comum em períodos pré-eleitorais, explica o professor
do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal da Bahia (UFBA),
Cloves Oliveira. Os ânimos do eleitorado começam a apresentar melhoras a partir
do início dos debates eleitorais, quando os candidatos, sobretudo os de cargos
majoritários, apresentam suas propostas e sugerem soluções para os problemas da
cidade.
“O contexto
pré-eleitoral dá uma indicação de voto que nem sempre se consolida no andamento
da campanha. É o debate que ajuda o eleitor a definir as suas percepções sobre
a situação. Também tem o papel da oposição e da entrada de outros personagens,
como a mídia e associações diversas, que acabam ajudando as pessoas a se conscientizarem”,
destaca Oliveira.
O pessimismo em relação
ao estado atual da cidade, porém, indica que, possivelmente, o eleitor de 2012
estará mais crítico para escolher o novo gestor. “Creio que a tendência é que,
apesar de ver que muitas pessoas são alienadas à dinâmica e a determinados
assuntos da sociedade, o que se aponta é mais participação, mais voto crítico,
mais manifestações de protesto”, acrescenta o professor.

Infraestrutura
e saúde
– Os líderes comunitários dos bairros de Marechal
Rondon, Nova Brasília, Pelourinho, Itapuã, Pirajá, Nordeste de Amaralina e
Jardim Nova Esperança consideram que a situação da saúde, além da
infraestrutura, deve ser prioridade na próxima administração. Em Marechal
Rondon existe apenas um posto para atender as cerca de 60 mil pessoas que vivem
no local, segundo o presidente da Associação dos Moradores, Cláudio Santos. “A
unidade acaba recebendo também a demanda de bairros vizinhos, que são
desassistidos”, comenta.
Em Pirajá, há apenas um
posto de saúde do estado para os cerca de 70 mil moradores. Segundo o líder
comunitário João Guedes, o local está permanentemente lotado. “De segunda a
domingo, há sempre fila. Muitas vezes, não há médico e nem a especialidade
desejada”. A mesma situação é relatada pelo líder da associação de Moradores do
Nordeste de Amaralina, Gil de Leon. “São apenas dois postos que funcionam de
forma precária”.
Além de investimento na
área de saúde, os moradores do bairro de Itapuã esperam que o novo prefeito dê
atenção à infraestrutura do bairro. “Itapuã está esquecida. Convive com o
distanciamento da prefeitura. A gestão municipal não existe para nós. Temos
ruas cheias de buraco, muitas delas ficam alagadas em período de chuva, com a
água entrando nas casas. Queremos que nosso bairro seja olhado com a verdadeira
importância que ele tem para a cidade”, queixa-se Raimundo Gonçalves dos
Santos, integrante da comissão de moradores do bairro.
Cidadão
Repórter
– No fórum criado no blog Cidadão Repórter, outro
recurso utilizado para saber o que os internautas esperam do novo prefeito, 130
comentários de leitores de A TARDE pediram melhorias variadas ou teceram
críticas à atual gestão.
Os internautas cobraram
melhores condições para o turismo, visto que o setor de serviços é responsável
por 78,94% da economia da cidade; mais investimentos na infraestrutura, com
destaque para a pavimentação do asfalto e iluminação pública; melhoria na
mobilidade urbana, já que os 760 mil veículos da frota atual, além dos quase
três mil ônibus, circulam diariamente pela cidade causando congestionamentos
nos pontos mais críticos em horários que já não se limitam apenas aos de pico.
Outros problemas
bastante apontados pelos internautas como fundamentais para o novo gestor
buscar soluções são a limpeza da cidade, eficiência em trabalhos prestados por
órgãos como a Transalvador (Superintendência de Trânsito e Transporte de
Salvador) e Sucom (Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo),
além de mais investimentos em educação e segurança pública, que, apesar de ser
de competência do Estado, acaba ficando comprometida pela falta de iluminação,
obrigação da prefeitura.
Em meio às queixas
contra a administração pública, não faltou ainda quem puxasse a orelha da
própria população, tanto pedindo consciência às pessoas na hora de votar,
quanto lembrando que o prefeito, seja quem for, não trabalha sozinho: “Não só
esperar do novo prefeito.(seriedade e compromisso)…!!!! Mas também consciência
da população, que tenha mais educação, preserve o que é público, de todos nós!
União acima de tudo, para uma cidade melhor, urgente!!!”, postou no fórum do
blog, o leitor André Felix.

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