Salvador é a 2ª cidade do país com o maior índice de congestionamento nos horários de pico

Que o tempo dos soteropolitanos no trânsito tem aumentado significativamente nos últimos anos todos têm percebido. Dois estudos recentes confirmam esta “impressão”.

Segundo pesquisa da empresa de aparelhos GPS TomTom, Salvador é a segunda cidade do país com o maior índice de congestionamento nos horários de pico. O tempo das viagens realizadas é 59% maior nesses horários que nos outros períodos.
O outro levantamento, apresentado em agosto, é da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), mostrando que houve redução de 1,4% no número de passageiros transportados, de 2012 para 2013, no país. Isto equivale a uma perda diária de 560 mil passageiros de ônibus.
Os indicadores mais atualizados do setor apontam, ainda, a consolidação da tendência de uma queda histórica da demanda no sistema: 30% nos últimos 18 anos.
O estudo baseia-se em dados coletados em nove capitais. Salvador é uma delas. Segundo o presidente da NTU, Otávio Cunha, “desde 1994, a produtividade do setor sofre prejuízos”. Ele cita dois dos principais motivos: “Queda da velocidade operacional nos engarrafamentos e a competição crescente com o transporte individual”.
Para a analista de transporte e tráfego Cristina Aragon este segundo ponto é fácil de ser comprovado pelo número crescente de carros circulando na cidade.
“Os motoristas que reclamam da lentidão são os que a provocam”, aponta a especialista. Para Cristina, aumentar a utilização do transporte público é a melhor saída para o estresse no trânsito.
“É preciso ponderar quando e por que utilizar o carro. Enquanto motoristas reclamarem do sistema viário e o usarem não vai melhorar. É preciso ter mais adeptos deste ponto de vista para cobrar ao poder público”, diz ela.
Passar o tempo
Enquanto políticas públicas e consciência não se impõem, quem encara os engarrafamentos usa de artifícios contra o estresse.
Diariamente, a fonoaudióloga Jaqueline Lobo (foto abaixo), 24, precisa de, aproximadamente, uma hora e meia para fazer o trajeto de casa ao trabalho, e mais uma hora para voltar.
Em meio ao tempo ocioso, ela aproveita para retocar a maquiagem e “prestar atenção no que os outros estão fazendo”.
É a forma que ela encontra para manter a paciência: “Se eu fosse ficar ansiosa me tornaria uma pessoa superestressada”.
Já o desenvolvedor de sistemas e estudante de Tecnologia da Informação Rafael Menezes, 22, enfrenta congestionamentos em diferentes horas do dia.
Morador de Brotas, ele trabalha na Barra de dia e estuda no Rio Vermelho à noite. “Sempre assisto a filmes no tablet quando estou nos congestionamentos. E consegui ver diversos deles completos”, complementa o estudante.
Rafael Menezes revela que também aposta na trinca em um jogo de baralho, “mas só quando estou no banco do carona”.
Cuidados
As escolhas de atividades para distração durante o fluxo intenso de carros devem ser cautelosas, aponta Marcelo Corrêa, diretor de tráfego da Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador).
Segundo ele, tarefas que tiram a atenção do motorista são passíveis de multas. “Nenhuma atividade que disperse o condutor é permitida. E a que gera mais multas é a utilização do celular”, explica Marcelo.
Prejuízos
O presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos diz que, somado à queda do número de passageiros, o aumento do óleo diesel colabora para o “cenário preocupante” que o transporte vive no país.
“É preciso um maior comprometimento do poder público com o setor”, alerta Otávio Cunha.
Segundo ele, “em 2013 houve aumento real de 2,75% no preço do diesel, que representa parcela importante dos custos operacionais”.
Excesso de atividades pode causar estresse no tráfego
É comum presenciar pessoas estressadas e agitadas durante um engarrafamento. Segundo a psicóloga Nathália Bacellar, o fato ocorre porque a rotina atual de cada indivíduo requer a execução de muitas tarefas em um curto período de tempo.
Também por esse motivo motoristas buscam atividades para se distrair no congestionamento. “Esse comportamento pode aumentar a ansiedade e comprometer a atenção no trânsito”, alerta Nathália.
Nessas horas, a psicóloga aconselha os motoristas a “ouvirem música tranquila, respirar de forma calma e profunda, com o objetivo de se desligarem da pressão”.
A jornalista Vanessa Aragão, 25, admite, “às vezes”, adotar postura semelhante à citada pela psicóloga: “Eu medito, coloco mantras e relaxo. Outras vezes, coloco uma música bem alta e canto como se não houvesse amanhã”.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*