Hoje completam 15 dias desde que estouraram as denúncias contra o secretário de Gestão da prefeitura de Salvador, Alexandre Paupério, acusado de ser beneficiário de um esquema de corrupção que teria desviado da Secretaria de Educação, entre os anos de 2009 e 2012, quase R$ 40 milhões, mas o chefe da pasta, mesmo não contando com a proteção das muralhas do Palácio Thomé de Souza, ainda resiste no cargo.
O prefeito ACM Neto (DEM) tem pregado cautela para tratar o assunto. Por meio de sua assessoria, o gestor soteropolitano informou ontem que “no momento oportuno ele vai se pronunciar”. Anteontem, ao participar de um congresso nacional em Salvador, organizado pelas Santas Casas de Misericórdia, o prefeito voltou a afirmar que ainda não tinha nenhuma definição sobre a saída ou não de um dos seus principais colaboradores, lotado em uma das mais importantes pastas da administração soteropolitana.
Mas, para a oposição, o comportamento de ACM Neto é “estranho”, como disse à Tribuna o líder do PT na Câmara Municipal, vereador Gilmar Santiago. “A posição que o prefeito está adotando com o caso Paupério é uma posição de não defender. É estranho porque nem o prefeito e nem os vereadores defendem. E isso deixa o próprio Paupério fragilizado. O prefeito deveria dizer que confia, que vai mantê-lo no cargo e ele só sairá quando ficar provado que ele cometeu irregularidades, mas não”, disse o petista, ao lembrar que a decisão de afastar Paupério é única e exclusiva do prefeito. “Quem colocou ele no cargo foi o prefeito, fruto do grau de confiança que o prefeito tem com ele. Mas o prefeito colocou o secretário à deriva, na medida que nem defende e nem se posiciona. Isso deixa uma situação de perplexidade”, criticou.
Hoje, Paupério deveria ir à Câmara de Vereadores prestar esclarecimentos, mas sua ida não ocorreu devido a um impasse em relação ao local em que seria ouvido. A princípio seria na Comissão de Constituição e Justiça, mas depois os edis da oposição aventaram a possibilidade de levá-lo para ser ouvido em plenário.
O prefeito ACM Neto afirmou ontem, após ser acusado pela oposição de ser o responsável pelas manobras que inviabilizaram a ida do secretário, que não sabia que o Legislativo soteropolitano tinha agendado a ida de Paupério à Câmara de Vereadores.
Mas, o que seriam ações findadas em 2012, como o próprio prefeito ACM Neto já fez questão de ressaltar, problemas envolvendo Paupério e recursos públicos oriundos dos cofres soteropolitanos, podem ter tido continuidade mesmo após a posse do gestor democrata.
O Ministério Público apura uma licitação feita em 2013 pela Secretaria Municipal de Gestão (Semge), comandada por Paupério, para a compra de mobiliário escolar para a Rede Municipal de Ensino. O MP-BA questiona a licitação, realizada via pregão eletrônico, no valor total de R$ 45,9 milhões. Segundo o órgão, há suspeitas de superfaturamento. O MP-BA já enviou recomendação de nulidade de duas das cinco cotas da licitação e tem dez dias para apresentar a defesa. De acordo com a promotora Rita Tourinho, autora da ação, a licitação para a compra dos equipamentos escolares precisou ser refeita e a cotação dos mesmos móveis aumentou em R$ 9,4 milhões em menos de um ano de diferença. A prefeitura de Salvador ainda não se pronunciou sobre a denuncia, desta vez, envolvendo a pasta criada na gestão ACM Neto.
Fonte: Tribuna da Bahia
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