quando o escritório da empresa fica na avenida com a maior circulação de
ônibus por hora da cidade, cumprir o horário nem sempre é possível. É o
caso de quem tem pelo caminho a Avenida Tancredo Neves.
De
ônibus, atravessar os 4,5 quilômetros da avenida pode consumir de 20 a
30 minutos. De carro, a travessia varia, em horários de pico, de 15 a 17
minutos, segundo o diretor de trânsito da Superintendência de Trânsito e
Transporte de Salvador (Transalvador), Marcelo Corrêa.
Em horários de pico, a Avenida Tancredo Neves recebe cerca de 400 ônibus por hora – 16 a cada 5 minutos
Lá,
até o dono da empresa de recursos humanos já está acostumado aos
atrasos, e compreende. Ele próprio, o empresário Augusto Monteiro, só
deixa o escritório depois das 19h30, por conta dos engarrafamentos.
“Quando eu cheguei, em 2004, engarrafava nos horários de pico. Hoje, o
trânsito é caótico a qualquer hora do dia”, avaliou.
Cansado dos
transtornos, ele considera positiva a medida que vai tirar de
circulação na avenida, dentro de um mês, cerca de 80 ônibus por hora.
Atualmente, a cada hora, nos momentos de maior fluxo, a Tancredo Neves
recebe cerca de 400 ônibus — pelo menos 16 a cada cinco minutos.
Novo trajeto
Em
breve, os coletivos que saem da região do Iguatemi e passam pela rua
Marcos Freire (próximo à Tend Tudo), não vão mais entrar na Avenida
Tancredo Neves.
“Os ônibus vão passar por um acesso que estamos
construindo ao lado da Tend Tudo. Depois pela Alameda Salvador,
contornam o shopping, passam em frente ao Salvador Prime, pegam o
cotovelo e de lá a Paralela ou seguem para a rodoviária”, explicou
Corrêa.
A medida preocupa quem depende do transporte público e
trabalha na região. De acordo com o diretor-superintendente da
Associação Empresarial Tancredo Neves (AETN), Luiz Walter Coelho Filho,
cerca de 50 mil pessoas trabalham por lá.
“Creio que vai ajudar
(a retirada de 20% dos ônibus por hora) porque vai diminuir o fluxo. Mas
a população que depende de ônibus vai ter que andar mais”, lamenta o
frentista Raimundo Moacir de Almeida, 34.
De acordo com a
Transalvador, pontos de ônibus serão criados ou vão mudar de lugar. O
órgão, no entanto, não precisou as alterações. A expectativa é melhorar a
fluidez na via.
“É difícil mensurar o tempo (a ser
economizado), mas a fluidez vai melhorar muito”, disse o superintendente
da Transalvador, Fabrizzio Muller. Ele lembrou que, além da quantidade
de veículos, os coletivos “atravessam” a pista duas vezes, fazendo duas
“tesouras” até sair na via de acesso ao Hospital Sarah.
Valorização
Coelho
Filho, da AETN, explica que a avenida começou a borbulhar como um
potencial “coração da cidade” a partir do final da década de 1980,
apesar de a avenida ter sido construída em meados dos anos 1970.
Nessa
época, não havia, em Salvador, lugares com loteamento disponível à
instalação de empreendimentos comerciais. “Em 1984, foi feito o
Loteamento Empresarial Metropolitano. Naquela época, você tinha a
Cidadela e o Itaigara, mas nenhum deles se tornou centro porque não
tinha disponibilidade de lotes”, disse.
Em poucos anos, a Avenida Tancredo Neves se transformou em coração comercial e financeiro de Salvador.
Ao
longo da via, há agências de quase todos os bancos em operação na
cidade, empresas de comunicação, gráficas, escritórios de advocacia,
clínicas, academias, lojas de produtos e serviços, além de hotéis,
teatros e shoppings.
São 9.049 unidades imobiliárias — 5.789 salas
comerciais, 878 apartamentos residenciais, 743 lojas e outros
empreendimentos — que garantem à prefeitura R$ 20 milhões por ano
somente em IPTU, segundo levantamento da Associação Empresarial Tancredo
Neves.
Valorizada, especialmente para a instalação de escritórios, a área detém hoje um dos metros quadrados mais caros da cidade.
Status
“Em 2010, eu paguei R$ 3,9 mil pelo metro quadrado. Hoje, está em torno
de R$ 6,5 mil a R$ 7 mil”, disse o empresário José Roberto Pastorie.
Segundo ele, empresas com escritórios nacionais exigem que as filiais se
instalem em lugares diferenciados, como a Tancredo Neves.
“Estar
na Avenida Tancredo Neves, por si só, já é um sinal de status. É um
reinvestimento. Se eu sair daqui e colocar meu escritório em outro
lugar, perco o negócio”, afirmou. A chegada, em 2007, do Salvador
Shopping fez aflorar a vocação do lugar para comércio e serviço.
“O
movimento tem sido crescente e esse crescimento é o que a gente chama
de economia de aglomeração. À medida que chega uma empresa, outras são
chegando”, explicou o empresário Augusto Monteiro. Segundo ele, de 2004
para cá, o volume de empreendimentos no local triplicou, especialmente
por conta da especulação imobiliária e a oferta de novos serviços.
De
acordo com Monteiro, a tendência é que os investimentos continuem a
chegar. “Daqui a cinco anos, no máximo, isso aqui vai estar cheio de
prédios novos”, disse. Para ele, a configuração da Tancredo Neves deverá
se estender até as avenidas Paralela e Magalhães Neto, em razão da
proximidade. “A vocação natural da Avenida Tancredo Neves é o comércio,
os serviços e a área financeira”, explicou. Colaborou Gil Santos.
Paulo VI: começam na próxima semana obras para pista exclusiva
Na
próxima semana começam as obras para alteração do tráfego na Avenida
Paulo VI, na Pituba, que devem durar todo o mês de agosto. Depois de
concluído o processo, uma das pistas que segue em direção à orla se
tornará exclusiva para ônibus. “Esperamos ter ganhos operacionais. Vai
alterar o cotidiano das pessoas, mas esperamos contar com a
compreensão”, disse o diretor de trânsito da Transalvador, Marcelo
Corrêa.
Também está em andamento o projeto de criação da quinta
faixa nos trechos mais largos da Avenida Paralela. De acordo com Corrêa,
o projeto geométrico básico foi concluído na segunda semana de julho,
mas ainda falta concluir os projetos executivo e de estrutura viária.
Nesse
último, será feito o cálculo de pavimentação, cortes, aterros. “A nossa
parte, a Transalvador está se empenhando para viabilizar até o dia 10
de agosto”, disse Corrêa. No entanto, ainda não há previsão de quando a
quinta pista estará pronta.
Inversão do fluxo na Rua Chile e semáforos confundem motoristas
Iniciada
no sábado passado, a inversão do fluxo na Rua Chile teve ontem o seu
primeiro teste em um dia útil. As mudanças confundiram boa parte dos
motoristas. O lugar ganhou duas sinaleiras na altura da Rua do Tesouro.
Além das mudanças no fluxo, nos primeiros dias, os pontos de ônibus irão
funcionar ao longo da via.
O auxiliar administrativo Helmut
Araújo, 26, ficou confuso. “Ficou muito estranho. Às vezes eu venho
trabalhar de moto, vai ficar complicado”, disse. Ele cobrou que a
prefeitura explicasse o motivo da mudança. Segundo Marcelo Corrêa,
diretor de Trânsito da Transalvador, “o propósito é fazer com que os
veículos entrem nas ruas de maior capacidade viária”.
De acordo
com o fiscal Amilton Araújo, o maior problema ocorreu próximo às
sinaleiras. Por conta das paradas obrigatórias, as retenções alcançaram
cerca de 200 metros. Para Amilton, a lentidão foi provocada
principalmente pelas dúvidas dos condutores. “A cada dez, sete param
para perguntar. Alguns já entraram na contramão, mas a gente orientou e
eles voltaram”. O também fiscal Valter Saback disse que o momento é de
ter paciência. “Tem a questão do hábito. Vai demorar um pouco para o
pessoal se acostumar”, disse.
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