Jornal Correio: Blitze da Transalvador estão suspensas por tempo indeterminado nos finais de semana

Nem os recursos
próprios que a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) afirma
ter para realizar as blitze de alcoolemia parecem suficientes. Sábado e ontem,
inclusive durante a madrugada, o CORREIO percorreu as ruas da cidade e não
encontrou uma operação sequer de fiscalização da Lei Seca.
O caminho: Vale dos
Barris, Dique do Tororó, avenidas Bonocô, Luís Eduardo Magalhães, Tancredo
Neves, Magalhães Neto,  Juracy Magalhães,
ACM, Paralela, São Rafael, Otávio Mangabeira e Oceânica. Nada de  Transalvador fazendo blitz.
Entre meia-noite e 2h30
de ontem, a reportagem avistou apenas um carro do órgão de trânsito, na avenida
Otávio Mangabeira, perto do Aeroclube. Os agentes faziam ronda. Eles
confirmaram que não havia blitz, mas não souberam informar porque a
fiscalização foi suspensa. A única blitz identificada pelo CORREIO foi na
sexta-feira, no Dique do Tororó.
De acordo com o presidente da Associação dos Servidores da
Transalvador (Astram), Adenilton Júnior
,
as blitze nos sábados e domingos estão suspensas por tempo indeterminado, até
que o órgão quite uma dívida de R$ 200 mil referente ao pagamento de operações
especiais.
“Há
dois meses, a Transalvador não paga o valor de 
R$  12 por hora para os servidores
de plantão. Além disso, o efetivo da Getran (gerência de trânsito) foi reduzido
de 104 no final de semana para 44. Desse total, só 29 vão pras ruas. Não temos
como atender a demanda da cidade. Enquanto o pagamento das operações não for
regularizado, não faremos operações especiais nem durante a semana”,diz ele.
Cortes
O presidente da Astram lembrou que as blitze em dias úteis
são feitas por um grupo fixo
. “O pessoal do plantão ordinário é que faz
a fiscalização. Esse grupo é fixo. Nos finais de semana, a escala é extra e os
servidores estão mobilizados a não trabalhar”.
“Essa
redução de pessoal, por exemplo, tem a ver com o corte nas despesas determinado
pela prefeitura. Só que isso deveria ter sido analisado antes. Os agentes estão
sobrecarregados. Não sei de onde vêm os recursos para a Lei Seca que o
superintendente mencionou”, criticou Adenilton.

O CORREIO tentou
contactar o superintendente Renato Araújo, mas ele não atendeu às ligações.
Contrariando o presidente da Astram, o gerente de trânsito Janivaldo Rosário
garantiu que as blitze continuarão sendo realizadas.
“Só não ocorreu nesse
final de semana por falta de pessoal. Amanhã (hoje) e terça-feira, a
fiscalização vai acontecer. São questões administrativas e não tem a ver com o
corte nas despesas”, assegurou.
Menos
carros
 – Há 15
dias, a Transalvador devolveu 62 viaturas à locadora Tradekar Transporte e
Serviço Ltda., na tentativa de quitar uma dívida de mais de R$ 2,6 milhões. Em
meio a cortes de gastos em todas as secretarias municipais, semana passada, o
secretário de Planejamento Oscimar Torres anunciou que as blitze de alcoolemia
sofreriam ajustes.
Porém, o
superintendente afirmou que o órgão de trânsito tem recursos próprios e, além
de não reduzir a fiscalização, poderia ampliá-la. Antes dos ajustes nas contas,
afirmaram agentes de trânsito, eram realizadas três blitze simultâneas.
No Dique, na
sexta-feira, a estrutura da operação conjunta da Transalvador com a Polícia
Militar e o Detran contou com quatro viaturas (uma a menos que o habitual), 11
agentes de trânsito, dois prepostos do Detran, quatro policiais militares do
Esquadrão Águia e seis da 2º Companhia Independente da Polícia Militar (Nazaré)
e um guincho.
“Geralmente são três
guinchos, mas por causa desses problemas, houve a redução. Só que não
atrapalha”, garantiu um agente. Em quatro horas de operação foram abordados 87
veículos, removidos 7 carros, 5 carteiras de habilitação recolhidas e  quatro condutores autuados por alcoolemia,
entre recusas e testes do bafômetro.
Entretanto, quem soprou
no aparelho ficou abaixo do limite máximo permitido que é de 0,3 miligramas de
álcool por litro de sangue (equivalente à ingestão de uma lata de cerveja). Por
esse motivo, o representante comercial Raimundo da Silva Filho, 37,  se recusou a fazer o teste.
“Só recusei porque não
vou produzir provas contra mim. Tomei cerveja após o almoço e sei que ficamos
sob o efeito. Estava levando minha filha ao médico”, admitiu. Ele acionou um
amigo para que viesse buscar o carro.
Despreocupados
– Nos bares, há quem não se importe coma fiscalização. “Nunca tive problemas
nem sofri um acidente. Bebo, mas consigo manter todos os reflexos. Qualquer
coisa, se me pararem, jogo meu charme. Já dei marcha a ré na Paralela”,
reconheceu a administradora Marília Antunes, 33 anos.
No entanto, há também
quem se preocupe com a sua própria integridade física e dos outros. As amigas
Flávia Moura, 27, Verônica Prazeres, 34, e Adriana Abreu, 38, escolheram a
amiga Zuleide Teixeira, 31, para levar o grupo para casa após a comemoração do
Dia do Amigo. “É horrível! Nunca mais quero brincar desse jeito”, divertia-se
Zuleide.
“Vou levar todo mundo
depois. Hoje fico à base de água. O mais importante é que a gente chegue bem em
casa e não coloque em risco a vida de ninguém”, avaliou Zuleide. “Enquanto
isso, vamos beber. Somos todas solteiras, sozinhas e infelizes”, convidou
Verônica, aos risos,  acompanhada pelo
amigo Rafael Alves, 22 anos.
Última
blitz na sexta à noite
– Dia do Amigo, hora de comemorar.
Apesar da data, o servente da Superintendência de Conservação e Obras Públicas
(Sucop) Francisco da Conceição não teve nenhuma prova de amizade dos seus
“colegas” da Transalvador, ao ser parado na blitz realizada na sexta-feira à
noite, antes da suspensão das operações de fiscalização no fim de semana.
O Gol branco NTL-8693,
da empresa Tradekar e locado à Sucop para uso exclusivo em serviço, foi
apreendido pelo órgão de trânsito porque, segundo agentes, Francisco dirigia
alcoolizado. Segundo o servente, ele havia prestado socorro à uma amiga, quando
foi abordado. “Deixei uma amiga grávida na clínica, no Pau Miúdo, e tava indo
pra casa, na Mata Escura, com a minha companheira”, descreveu o roteiro. O
funcionário da Sucop confessou ter bebido, mas não quis fazer o teste do
bafômetro. “Acho importante (a blitz). Só queria que o agente falasse: ‘seu
Francisco, vá embora sem correr risco’. Só é perigoso quando a gente bebe
muita, muita, muita, muita bebida”, repetiu.
“Quando é pouca,
mistura com água e fica bem”, complementou. Durante uma hora, Francisco e a
mulher, a cozinheira Janete Ramos, 45, tentaram, sem sucesso, convencer os
agentes a liberar o carro. Houve confusão e agressões verbais. “Colega, porra!.
Tenho 30 anos na prefeitura e o carro é locado”, exaltou-se Francisco.
Fonte:

http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/blitze-da-transalvador-estao-suspensas-por-tempo-indeterminado-nos-finais-de-semana/

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