Após anunciar na semana passada a assinatura de um convênio de consultoria com as estatais espanholas Feve e Euskotren para auxiliar a prefeitura a planejar a gestão do primeiro trecho do metrô, o chefe da Casa Civil municipal, João Leão (PP), afirma que as empresas estão de olho na exploração do serviço.
“Elas provavelmente vão sugerir explorar o primeiro e o segundo trecho, os trens do Subúrbio e quem sabe até o metrô da Paralela”, diz. Segundo o secretário, em 30 dias os espanhóis chegam a Salvador. “A análise será gratuita. Acredito que em 60 dias o relatório estará pronto. Ele terá sugestão de tarifas, o que precisa de ajuste, como deve ser a operação dos trens… No documento, é provável que haja proposta de exploração e administração do sistema”, diz.
Leão afirma que a experiência das empresas as tornam mais indicadas a realizar o serviço do que qualquer brasileira. “A experiência delas é superior até à do governo federal. Eles operam 1.100 km de linhas”, diz. Fave e Euskotren administram ferrovias de média e longa distância no Centro e Norte da Espanha.
O ex-diretor do MetrôRio (que administra o metrô carioca) e primeiro gerente de operações do metrô de São Paulo, Cláudio de Sena, entende, porém, que o Brasil tem, sim, empresas capacitadas. “Se fosse por quantidade de quilômetros deveriam chamar gente de Nova York. Lá eles têm 2 mil km de linha. A linha 4 de São Paulo é uma das mais modernas do mundo”, ressalta.
Gestão – O governador Jaques Wagner já declarou que acha difícil uma empresa se interessar por uma licitação para um trecho de 6 km. Segundo ele, esse metrô só deveria operar em 2014, quando o da Paralela estiver pronto. O CORREIO procurou o secretário estadual de Planejamento, Zezéu Ribeiro, mas ele não quis comentar.
O convênio é legal, mas, diferente da concessão, impede o lucro, segundo o advogado especialista em Direito Público, Gustavo Moris. “No convênio, o acordo é celebrado entre uma administração pública e entidades sem fins lucrativos. As tarifas devem ser revertidas no serviço ou subsidiar os custos da empresa. Já a concessão pública é a exploração de um serviço por uma empresa privada e passa por licitação já que objetiva o lucro”, adverte Moris.
João Leão garante que, se a prefeitura e os espanhóis chegarem a acordo, eles explorarão o serviço a partir de um segundo convênio. Questionado, então, se as empresas fariam o serviço sem fins de lucro, Leão não titubeou: “É para você ver como tem gente que ainda gosta de servir os outros”.
Trens começam a rodar na semana que vem – Os trens do metrô começam a rodar nos trilhos, em testes, nos dias 20 e 21 deste mês. É o que diz a Secretaria Municipal de Transportes e Infraestrutura (Setin). Em nota, o órgão informa ainda que diversos sistemas já estão sendo testados, como iluminação, ar condicionados, abertura e fechamento de portas e freios.
O secretário da Casa Civil, João Leão, afirma que em março os seis vagões serão testados com 600 sacos de areia de 60 kg cada e, em abril, o metrô começa a rodar com passageiros. Para o especialista Cláudio de Sena, o prazo de 4 meses para testar o sistema é apertado. “É normal aparecerem problemas nessa fase, geralmente necessidade de trocar peças. Esses componentes demoram a chegar”, explica.
Segundo ele, os metrôs do Rio e São Paulo ficaram 1 ano em testes. Leão diz que na próxima semana dois maquinistas da CBTU (concessionária de São Paulo) virão a Salvador capacitar a mão de obra baiana. Para Sena, esse é outro prazo difícil. “Para os maiores metrôs do Brasil levamos 2 anos para treinar os maquinistas”, diz.
Fonte:
http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/estrangeiros-demonstraram-interesse-em-explorar-o-metro/
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