Os veículos chegaram aos terminais, mas não saíram para nova corrida. Eles reiniciam o trajeto, aos poucos, a partir das 17h, na Estação da Lapa. O protesto, que denuncia a demolição de um banheiro usado pelos motoristas no Jardim Apipema, gerou congestionamento em várias ruas, a exemplo da Vasco da Gama, no sentido centro da cidade.
A manifestação pegou os usuários do sistema de surpresa. A estudante Tainá dos Santos explicou que chegou no colégio pela manhã e ao sair, no fim da tarde, não sabia da situação. “Nós não ficamos sabendo de nada. Ouvimos falar de algum problema com banheiros, mas ninguém informou ao certo”, pontuou. Acompanhada de outras cinco amigas, ela disse que iria caminhar pelos pontos de ônibus até que a situação fosse normalizada.
O mesmo aconteceu com a artesã Elisângela de Souza. Ela que tantava se deslocar, acompanhada por mais duas amigas, até o bairro de Brotas, contou que iria esperar no local, até o horário em que o marido pudesse sair do trabalho e ir pegá-la. “Agora o jeito é esperar”, lamentou.
A denúncia – De acordo com o motorista Jorgeval José de Souza, por volta das 10h, funcionários da Sucom (Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo), munidos de uma ordem judicial, demoliram o banheiro usado pelos rodoviários, além de uma mesa e quatro cadeiras de concreto, situados ao lado do sanitário, e parte de um módulo policial inativo, no fim de linha da rua Professor Sabino Silva, no bairro Jardim Apipema.
A Sucom informou, através de nota à imprensa, que a demolição ocorreu a pedido do Ministério Público da Bahia (MP-BA). A Sucom relatou que o caso foi encaminhado ao MP-BA pelos moradores da região, que alegam que o equipamento era usado “indevidamente, provocando intranquilidade aos residentes da localidade”, apontou o comunicado.
O sindicato dos rodoviários, no entanto, indica que uma promotora do MP-BA é moradora do bairro e deu providência à ação. Procurado pelo G1, a assessoria de comunicação do MP-BA disse que a promotora estava em reunião e não poderia conceder entrevista, mas foi informado que a ação pedia a demolição parcial de um posto policial que estava inativado, o que inclui um sanitário.
Uso do banheiro – Motoristas e cobradores da linha Ribeira/Sabino Silva iniciaram a paralisação da categoria no início da tarde no fim de linha da Rua Professor Sabino Silva, no bairro do Jardim Apipema.
“A gente ficou nessa situação desde cedo, sem poder fazer nossas necessidades”, contou o motorista Jorgeval José de Souza, que trabalha no itinerário há 16 anos. O cobrador Fredson Costa dos Santos também relatou o desconforto da ausência de um local para lavar as mãos. “Estou aqui desde 13h sem usar o banheiro. Como cobrador, utilizo muito. Pego em dinheiro o dia inteiro e preciso de água para lavar as mãos”, conta.
Segundo os rodoviários que frequentam diariamente o local, o banheiro também era usado por policiais, garis, taxistas, transeuntes e trabalhadores da redondeza. A manutenção e a limpeza do sanitário demolido eram feitas pelos próprios rodoviários que trabalhavam na linha. “Por quinzena, a gente recolhia R$ 2 de cada para comprar o material, detergente e papel higiênico para limpar o banheiro. Era bem asseado”, conta o motorista Jorgeval.
Com a falta de um local adequado, ele contou que, para urinar, os funcionários usam copos plásticos ou garrafas cortadas. “A gente utiliza um copinho dentro do ônibus e joga [a urina] pela janela. Se eu fizer xixi aqui fora, é atentado ao pudor, posso ser preso e processado. Antes de ter esse banheiro, nós usávamos esse copinho e o fedor era demais”, relata o motorista.
Fonte:
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2013/03/rodoviarios-fazem-serie-de-protestos-em-salvador.html
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