O prefeito ACM Neto (DEM) não esperava tamanho abacaxi para descascar a essa altura do campeonato, faltando pouco mais de um ano para findar seu primeiro mandato como gestor da capital baiana, mas as denúncias contra o secretário de Gestão da prefeitura, Alexandre Paupério, de desvio de dinheiro em convênio firmado pela Secretaria de Educação e Cultura (Secult) e a Fundação Escola de Administração (FEA), podem estar lhe tirando o sono. O Ministério Público Estadual aponta um rombo de R$ 39,4 milhões nos contratos feitos pela fundação com empresas das quais Paupério era sócio de pelo menos três das nove contratadas ao longo dos quatros anos em que o acordo vigorou.
Diante da denúncia, vereadores da oposição estão mobilizados cobrando do prefeito ACM Neto uma posição diante das graves denúncias que colocam o gestor da Semge como lobista nos contratos, já que o administrador era o interlocutor da FEA junto à Secult para tratar assuntos do convênio em ocasiões que agia por interesse próprio. A bancada oposicionista pretende discutir o assunto nessa segunda-feira (14), às 10h, em reunião do grupo. “Agora, que o MP já fez a denúncia, vamos acompanhar de perto as investigações, tomar conhecimento do teor da ação e cobrar uma ação do Executivo sobre essa questão. O prefeito é quem tem que tomar a decisão de afastamento ou permanência de Paupério, já que foi ele quem nomeou”, apontou o líder da oposição, o vereador Luiz Carlos Suíca (PT) em entrevista à Tribuna.
O vereador petista Arnando Lessa considera a denúncia contra o secretário “um assunto grave”, por conta da “secretaria que ele exercitou durante esses dois anos e nove meses, onde administra todos os contatos terceirizados da prefeitura”.
“Ou Paupério negou ao prefeito essas informações desse litígio que vem acontecendo ou o prefeito sabia e mesmo assim correu o risco de nomeá-lo. Então, acho que merece uma explicação bem feita e detalhada por parte do prefeito e nós iremos avaliar na próxima semana na Câmara, na segunda-feira, enquanto bancada de oposição, quais as providências a serem adotadas em relação a esse fato”, reforçou Lessa, que também indica Neto como o ator principal a executar a decisão final sobre a questão: “O que fazer é problema do prefeito ACM Neto. Quem escolheu Paupério foi ele, e quem pode dizer o que vai acontecer é ele. Só sei que o secretário está ferido de morte, pois uma secretaria dessa importância, e tendo administrado recursos e contratos até hoje, não pode continuar achando que isso é uma coisa simples”.
Ainda segundo o vereador, o democrata precisa explicar a manutenção do secretário. “Deve ter motivos [para manter]. Mas nós queremos saber quais são esses motivos. E em segundo lugar, sabendo que estava respondendo a esse processo, que deve ser ouvido pelo MP, permaneceu na secretaria e causou essa surpresa a todos. Hoje, estando subjúdice, com culpa ou não, tem que responder e o prefeito prestar esclarecimentos à cidade”, cobrou Lessa.
A reportagem tentou ouvir lideranças ligadas ao prefeito ACM Neto como os vereadores Joceval Rodrigues (PPS), Leo Prates (DEM) e Claudio Tinoco (DEM), mas as ligações não foram atendidas. No entanto, Neto, que já havia defendido a apuração das denúncias contra Paupério e destacado que não passa a mão na cabeça de ninguém, disse que teria uma reunião com seu titular da Gestão para tratar da ação movida pelo MP contra outras 13 pessoas pelo crime de improbidade administrativa.
Na manhã de ontem, durante visita às obras da Estação da Lapa, o prefeito afirmou aos jornalistas presentes que é “muito prematuro” falar sobre eventual saída do secretário por agora. ACM Neto negou ainda que Paupério tenha entrado para seu secretariado por indicação do então secretário de Educação, João Carlos Bacelar (PTN), hoje deputado federal. “Eu não tinha relação pessoal nenhuma com o secretário Paupério. Eu sequer tinha conhecimento de relações dele com João Carlos Bacelar. Não tem nada a ver João Carlos Bacelar nessa história”, explicou o prefeito, que alegou ter escolhido o secretário de Gestão após indicação de profissionais da Faculdade de Administração da Ufba, mesma entidade onde seu pai, Antônio Carlos Magalhães Júnior, é professor.
Fonte: Tribuna da Bahia
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