Motoristas agridem agentes de trânsito

Até os anos 70, o guarda de trânsito era um policial militar.
Hoje, o guarda de trânsito deu origem ao agente de trânsito que não tem
poder de polícia e, por isso mesmo, são desrespeitados. No dia a dia dos
agentes de trânsito de Salvador está na pauta fiscalizar as infrações e
se precaver de socos, pauladas e até golpes com capacete.
Atualmente, 90 processos tramitam na Justiça por conta de agressões
de motoristas contra os agentes, de acordo com a Transalvador.
O superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller, afirma que já
solicitou à Procuradoria do Município que avalie medidas jurídicas que
reforcem a punição dos agressores. “Começamos a apertar a fiscalização e
os infratores começaram a se insurgir”, diz ele, que divulgou o número
de processos após o pedido à Procuradoria. Para Muller, as punições
eventualmente impostas aos agressores são brandas. “Pagar cesta básica
não é o suficiente. O órgão estuda a possibilidade do município se
habilitar nas ocorrências de agressão como assistente de acusação”,
declarou. .
Somente no Carnaval, foram registrados dois casos de agressão contra
agentes. Numa das ocorrências, o funcionário da Transalvador, fardado,
tomou um soco quando estava numa via de acesso ao circuito.
No outro caso, o agente acusa um PM de tê-lo agredido. No final de
janeiro, outro agente foi golpeado por um motociclista com um capacete,
na Rua Carlos Gomes. Ainda no mesmo mês, no Comércio, um servidor foi
ferido na cabeça com uma chave, depois que um motorista notificado
esvaziou um dos pneus do carro da Transalvador. A ação foi filmada por
um turista.
No entanto, os mais velhos, possivelmente, se recordam de uma figura
que se tornou folclórica nos anos 70, no Centro Histórico de Salvador: o
guarda Pelé. Lá estava ele, na esquina da Rua Chile com a Nossa Senhora
da Ajuda, com o seu apito e uma coreografia, inventada por ele, que
chamava a atenção das pessoas. Pelé era um militar que dava mobilidade
ao trânsito da época. “Hoje, o trânsito caótico não sai do lugar.
Motoristas se irritam e reclamam, chegam a passar cerca de 4 horas
tentando sair do lugar. Nem Pelé resolveria a questão, afirma o
especialista em mobilidade urbana”, Fernando Correia.
A toda hora os engarrafamentos são registrados. Os motivos são
vários. Cemáforos com defeitos, tubulações da Embasa que arrebentam,
como aconteceu na última quinta-feira, quando a cidade ficou parada o
dia inteiro, com enormes engarrafamentos, por conta do grande
alagamento.
Motoristas que trafegam pela Pituba, reclamam do Caminho das Árvores,
meio-dia. Outros ao volante buzinam à espera que os carros abram
passagem. Os pedestres, acuados nas calçadas, tentam chegar ao outro
lado. O povo não se entende no cruzamento das ruas Alfazema e Cipreste, e
aguarda que um sinal venha do alto, do semáforo. Muitos ficam
agoniados. A saída é atravessar na marra. Este é o cenário o cotidiano
nessas ruas, aonde sinaleiras demoram ou não funcionam. O problema,
relatam motoristas e pedestres, é antigo.
“O pessoal não respeita quem sai de uma rua para a outra e a
locomoção é praticamente impossível. Os pedestres se aventuram entre os
carros e correm o risco de atropelamento. É um mangue”, conta o
ambulante Luiz Carlos, que passa o dia no local.
No total, são mais de 64 equipamentos fazendo a fiscalização
eletrônica na cidade. Quem recebe multas, queixa-se que o dinheiro não
retorna em melhorias para o trânsito. É o caso do funcionário público
Silas Santos, 25. “É constrangedor, vergonhoso. A gente não vê o
dinheiro retornar em benefícios. A sinalização é precária, semáforos
vivem quebrando e o resultado é o caos no trânsito”, afirmou ele, que
recebeu multa de R$ 85 em maio.
Os semáforos que mais apresentam defeitos, segundo os motoristas de
táxi, são os da orla. A poucos metros do Circo Picolino, em Pituaçu, o
casal Daniel Moraes, 21 anos, e Taili Rodrigues, 18 anos, penou para
atravessar a pista. Com as botoneiras (aparelho usado pelo pedestre para
acionar o fechamento do sinal) quebradas, eles aguardavam o fechamento
automático do semáforo.
Na entrada do Bairro da Paz, nem sinal de sossego. “O semáforo demora
de fechar e, por isso, muita gente acaba atravessando e é atropelada”,
disse a operadora de caixa Lidiane Bispo da Silva, 21. No local, as
crianças se arriscam para jogar bola no canteiro central. O motorista de
táxi, Danilo Cruz atribui a quebra dos equipamentos a fatores
climáticos. “É como computador que precisa ser renovado, mas só que está
nas ruas, recebendo vento, chuva, sol, e com isso as placas eletrônicas
entram em curto e queimam.
Multas e revolta  – O parque semafórico de Salvador é visto como “do século passado” para
o especialista em trânsito, Fernando Correia “As sinaleiras
funcionando já são um problema porque elas não são modernas. Além disso,
os equipamentos não estão em sincronia com um sistema geral de controle
de tráfego por área. Já existem softwares que globalizam o sistema e
otimizam a circulação em algumas áreas da cidade. Isso já é feito em São
Paulo e Curitiba”.
Segundo ele, quando um equipamento dá defeito, a Transalvador não tem
como identificar o problema com rapidez. “Nessas cidades, a gestão
planeja a implantação de semáforos em uma área e monitora por computador
esses equipamentos. Se um dá defeito, eles sabem na hora e controlam as
outras sinaleiras para não bloquear o trânsito. Como a Transalvador
sabe que uma sinaleira está quebrada? Quando um agente ou usuário avisa?
Isso é do tempo medieval”. Comentou.
A Transalvador contesta e diz que a sincronia das sinaleiras é feita a
partir da circulação de veículos. “Os tempos de abrir e fechar são
diferentes porque a gente se baseia nos diferentes fluxos de veículos.
Analisamos cada região e verificamos quantos carros passam, por
exemplo”. E melhorias estão sendo realizadas
O estudante de Odontologia Renan Oliveira, 22, indigna-se com a falta
de retorno do valor pago pelas infrações de trânsito. “A gente comete
uma, eles cometem outra infração. A arrecadação com as multas seriam
suficientes para que a cidade tivesse uma excelente sinalização”, opina.
O analista de sistemas Erivan Barbosa, 32, recebeu duas multas esse
ano e se recusou a pagá-las. “Eu não pago em dia devido à má prestação
de serviço do órgão de trânsito. Só no período da renovação é que quito a
dívida. Os agentes, às vezes, deveriam ter o bom senso antes de aplicar
as multas”, avaliou. 

Fonte:
http://www.tribunadabahia.com.br/2013/05/27/motoristas-agridem-agentes-de-transito

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