IBahia Mobilidade: Moto não é transporte de criminoso e pode contribuir com a mobilidade urbana

Elas estão em todos os lugares da cidade. Transportam passageiros, cargas, alimentos, prestam serviços à comunidade e servem de meio de locomoção para quase 10% da população brasileira – segundo dados do estudo Retratos da Sociedade Brasileira, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). As motocicletas, que já fazem parte do cotidiano dos centros urbanos no Brasil, vem alterando, na última década, o cenário da mobilidade urbana.
Os grandes congestionamentos e a excessiva perda de tempo no trânsito, somados às facilidades na hora da compra, tem levado ao aumento na frota desses veículos. Com essa nova realidade, uma série de outras questões se apresentam como desafios para as cidades. Isso porque, ao mesmo tempo em que as motos tem a capacidade de desafogar o caótico tráfego das metrópoles, ainda não existe uma estrutura adequada para o fluxo da frota.

Falta de regulamentação do equipamento, desrespeito generalizado pelo Código de Trânsito Brasileiro, o risco de acidentes, a violência urbana, as abordagens policiais e a própria conservação das pistas tornam pouco estimulantes o uso das motocicletas para boa parte da população. “É difícil tentar desenhar a situação atual do  trânsito para os motociclistas. Porque apesar da série de problemas que se vê, o seu uso se faz muito necessário para a população. O motociclista, que pode aparecer como o vilão, é só mais um nas ruas. Independente do veículo, o que falta à todos é educação”, pontua Ruiter Franco, da Associação de Motociclistas da Bahia.
Com aproximadamente um milhão de quilômetros rodados pelas principais avenidas e estradas do país, Ruiter acumulou bastante conhecimento sobre as motocicletas no Brasil. Para ele, o crescimento desordenado da circulação de veículos é um dos principais motivos de preocupação: “Esse impacto está sendo sentido pela sociedade todos os dias. Não há orientação, estrutura governamental, auditoria dos veículos, conscientização dos usuários e é isso o que permite que pessoas despreparadas manejem um veículo desse porte para fazer qualquer barbaridade”.
O barateamento do transporte – Não são apenas as baixas prestações – as menores estão na faixa de R$140 em até 48x – que fazem da moto um dos objetos mais cobiçados no mercado automobilístico. A economia diária é um dos principais atrativos para os cidadãos. “Eu uso a moto desde os 18 anos e comecei por que o nosso transporte coletivo é ineficiente e caro. Gasta-se muito tempo e não se tem nenhuma tranquilidade. Com a moto, eu vou para todas as atividades e tenho tempo para empregar em outras coisas”, diz o estudante de biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Eduardo Reis de Carvalho, 26 anos.
A satisfação com a moto também foi confirmada pela pesquisa da CNI. O índice de aprovação do veículo ultrapassa a marca dos 90% e o tempo médio de uma hora num trajeto feito com ônibus ou com carro particular é reduzido a menos da metade. “Por isso, eu considero recomendável o uso desse transporte. Claro que é preciso ter muitos cuidados e ter atenção, mas no fim das contas o resultado é vantajoso”, considera Eduardo.
“Pare, desgraça!”: o estigma da moto e a abordagem policial – A crescente onde de roubos e de crimes cometidos por indivíduos que utilizam a motocicleta tem contribuído para vincular a imagem do transporte como algo negativo. No geral, os veículos, que já disputam o espaço no trânsito com os carros, sofrem também os preconceitos da própria sociedade: “Tanto no caso das motos como no caso das bicicletas, há o forte estigma de que esses são veículos utilizados por quem não tem dinheiro. Isso é reforçado pela imagem de que o carro é a melhor opção, com mais prestígio e conforto”, explica o professor Marcos Rodrigues, da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia.
Essa caracterização negativa recai também na própria utilização dos mototáxis. Depois da explosão de popularidade, sobretudo durante o carnaval de 2011, o serviço ganhou enorme visibilidade e, junto com isso, foram desvendados muitos problemas. Além da quantidade de multas recebidas, a melhoria da abordagem policial tem sido uma das grandes reivindicações da categoria. “Quando eles estão de bom humor a gente costuma ser abordado com a pistola e com a frase de ‘pare, desgraça!’. No casos mais graves, eles disparam”, afirmou Henrique Baltazar, 46 anos, presidente do Sindicato dos Motociclistas, Motoboys e Mototaxista do Estado da Bahia. 
De acordo com Henrique, criou-se uma paranoia na fiscalização feita pela polícia, especialmente na realização de blitz: “Fica a ideia de que todo o motociclista pertence a um quadrilha generalizada e que, se ele não encontrou naquela abordagem, na próxima seguramente encontrará o que procura”. Apesar das represálias, Henrique reconhece que é preciso fiscalizar: “Há muita gente usando o veículo para coisas ilegais e há também quem tem os documentos vencidos, quem não tem licença, enfim, e isso precisa ser regulamentado urgentemente pelos órgãos competentes”.
Andar de moto é seguro – Quem tem vontade de começar a usar a moto para circular, mas, por receio ou desconhecimento, ainda não o fez, pode tomar algumas iniciativas para ganhar mais confiança. O primeiro passo é fazer um bom curso de formação e receber instruções gerais sobre o equipamento e sobre como usá-lo da melhor maneira nas vias públicas. Também é importante que a pessoa tenha a habilitação e todos os documentos do veículo regularizados. Com isso, usando de bastante atenção, praticando a direção defensiva, respeitando as regras e exercitando bastante é possível se locomover sem grandes riscos.
“Acho que se pode ganhar mais segurança e experiência já na hora de tirar a carteira. Também aconselho que nas vias mais largas como na Paralela, o condutor posicione a moto como se tivesse de carro, evitando os cortes e as quedas. Nas pistas estreitas, ir sempre devagar porque a qualquer momento alguém pode cruzar a rua. No trânsito de Salvador, as pessoas sempre tem pressa e daí vem os acidentes”. Opinião semelhante é compartilhada por Ruiter: “Eu tenho moto há 38 anos e nunca sofri nenhum acidente. Eu costumo dizer que é o próprio motociclista quem deve ter medo da moto. É uma maneira de ficar alerta todo o tempo, conhecendo os limites da máquina, que tem suas fragilidades, e nunca mostrando excesso de confiança”.
Além disso, é bom reforçar sempre o uso do capacete (afivelando-o corretamente), de tênis ou de outros sapatos (nunca de sandálias), luvas, (no caso do condutor), e o controle da velocidade. Para quem usa ou quer usar o serviço de mototáxi, como não há um controle efetivo, a principal dica é conhecer o condutor, saber de suas referências no local/no bairro e obrigá-lo a respeitar as regras do trânsito durante o trajeto a ser percorrido
Fonte:
http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/moto-nao-e-transporte-de-criminoso-e-pode-contribuir-com-a-mobilidade-urbana/

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