O estudo feito pela NTU, que acompanhou o esquema de mobilidade montado nas seis cidades-sedes da Copa das Confederações durante os dias de jogo, foi destrinchado no início da tarde de hoje pelo diretor técnico da entidade, André Dantas. Apesar da série de protestos e manifestações, responsáveis pela alteração significativa da execução dos planos operacionais, o transporte público se mostrou eficiente em situações de organização de operações especiais. No entanto, ganhou nota 6 pela avaliação NTU.
Entre os desafios para a implantação de um transporte público de qualidade, principalmente durante os eventos mundiais, está o amadurecimento e a operacionalização em rede integrada dos diversos modais e a melhoria da oferta de ônibus que, segundo Dantas, contribuirá para a implantação de sistemas de mobilidade urbana mais eficiente para a Copa do Mundo de 2014. O palestrante considerou “urgente” a melhoria da gestão e controle dos cronogramas das obras de mobilidade previstas para as cidades-sede.
Na avaliação de André Dantas, o ideal seria que os torcedores fossem bem informados, estivessem confiantes do serviço desde o aeroporto até o estádio e que nada afetasse a vida das pessoas que moram naquela cidade. “Quanto menos impacto negativo na vida das pessoas, melhor”, disse. Ele ressaltou a importância de as cidades fazerem o investimento em transporte público como legado dos eventos esportivos e não apenas adaptações específicas para os dias de jogo. “Há a necessidade de priorizar o transporte público. Ele que vai trazer benefícios a todos. O transporte individual é efêmero”, concluiu.
O estudo foi feito para avaliar o legado das intervenções para a melhoria da mobilidade urbana, identificar boas práticas que deveriam ser replicadas para a preparação de eventos futuros, especialmente a Copa do Mundo de 2014 e preparar um Caderno Técnico com resultados observados, avaliação de desempenho e boas práticas para o setor.
Brasília e Recife foram as cidades mais bem avaliadas: tiveram desempenho “satisfatório”, em escala composta por péssimo, ruim, regular, satisfatório, bom, ótimo e excelente. Na capital federal, foi destacado o sistema de ônibus especial para transportar os torcedores dos bolsões de estacionamentos até a porta do estádio e a utilização potencial do transporte público convencional. Há, entretanto, riscos como a instabilidade institucional e a não conclusão de obras simples, como ciclovias.
Salvador foi a única cidade a ter desempenho regular. Entre os principais problemas está a falta de organização e a não priorização do transporte público. Segundo Dantas, não há projetos de grande porte de mobilidade para a capital baiana.
Já as capitais Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Fortaleza receberam “bom” por terem transporte público suficiente para atender a demanda e levar os torcedores aos estádios, mas ainda pecam em outros aspectos que poderiam facilitar o transporte dos torcedores ao estádio de futebol.
Veja os detalhes do estudo:
Jogos avaliados
Brasília – 15/06 – Brasil x Japão
Recife – 19/06 – Itália x Japão
Belo Horizonte – 26/06 – Brasil x Uruguai
Fortaleza – 27/06 – Espanha x Itália
Salvador – 30/06 – Uruguai x Itália
Rio de Janeiro – 30/06 – Brasil x Espanha
Cidades
Boas práticas: serviço de ônibus especial com bolsões
de estacionamentos; gerenciamento da capacidade do sistema viário; e
utilização do potencial do transporte público convencional.
Potencial para melhorias: expansão do serviço executivo; sistema de informação; gestão de obras; e esquema operacional dos especiais.
Riscos para o legado: indefinição e falta de
planejamento; mesmo obras de baixa complexidade (ciclovias) não foram
concluídas; e instabilidade institucional.
Recife (Pernambuco)
Boas práticas: perceptível evolução no esquema operacional e capacidade de adaptação às demandas.
Potencial para melhorias: acessibilidade; planejamento operacional; maior utilização do transporte público por ônibus; e sistema de informação ao usuário.
Risco para o legado: elevada oferta de estacionamento
para transporte individual e conscientização da população para
utilização do transporte público.
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Boas práticas: potencial de atendimento do serviço
especial por ônibus; não incentivo ao uso do transporte individual; e
serviço executivo do aeroporto ao estádio.
Potencial para melhorias: gestão de obras; sistema de informação ao usuário; e implantação do sistema Park & Ride.
Risco para o legado: atrasos na entrega dos sistemas BRT.
Fortaleza (Ceará)
Desempenho: Bom. Transporte público foi suficiente para atender a demanda.
Boas práticas: mínima interferência na operação; serviços especiais de ônibus; e utilização do potencial transporte público convencional.
Potencial para melhorias: gestão de obras.
Risco para o legado: atrasos na entrega dos corredores de ônibus.
Salvador (Bahia)
Boas práticas: utilização do potencial do transporte público convencional.
Potencial para melhorias: gestão das obras; sistema de informação ao usuário; acessibilidade; e conflito entre os modos de transporte.
Risco para o legado: a inexistência de projetos de
grande porte para Salvador implica na adoção de uma grande quantidade de
intervenções operacionais e pontuais.
Rio de Janeiro (Rio de Janeiro)
Boas práticas: utilização do potencial do transporte
público convencional; e investimento na criação de uma rede integrada de
transporte metropolitano.
Potencial para melhorias: maior utilização do transporte público por ônibus, permitindo a maior flexibilização do acesso ao evento.
Risco para o legado: dependência do metrô como principal acesso.
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