Espera por ônibus chega a duas horas na periferia

Duas horas. Esta é a
duração média de uma viagem de Salvador a Feira de Santana (a 108 km de
Salvador). Este também é o tempo que a 
estudante Dayra de Carvalho Ferreira, 21, moradora do bairro de Cassange
(na estrada CIA-Aeroporto),  espera para
conseguir pegar um ônibus até a faculdade onde estuda, em Lauro de Freitas.
Cassange conta apenas com uma linha de ônibus em circulação.
Como se não bastasse o
longo tempo de espera, Dayra precisa andar cerca de 30 minutos até chegar ao
ponto de ônibus mais próximo, pois as 
ruas do local não são asfaltadas, o que impossibilita a entrada dos
veículos de transporte público. “Por causa da dificuldade de transporte, fui
quase reprovada por falta em duas disciplinas. A espera e a distância até o
ponto são muito grandes. Quando chego ao ponto, já estou cansada, com os pés e
as roupas sujas de poeira”, afirmou.
A realidade de Dayra
não é um fato isolado. Esperar por um transporte coletivo já virou rotina para
grande parte população que reside nos bairros situados nos limites de
Salvador.  De acordo com informações da
assessoria de comunicação da Superintendência de Trânsito de Salvador
(Transalvador), 2.742 ônibus fazem o transporte de 42 milhões de passageiros
por mês na cidade. No entanto, nas localidades distantes, esse número é
insuficiente.
Com a população de
cerca de 4.600 pessoas, o bairro de Cassange conta  com oito veículos que atendem apenas a
uma  linha, que vai da  Estação Mussurunga até o Barro Duro. Além da
pouca variedade da frota,  os veículos só
podem chegar até a altura da Pedreira Carangi por conta da falta de calçamento
em toda a Estrada do Cassange, principal rua do bairro.

Frota
reduzida
– No bairro de Valéria, de segunda a sexta-feira,
circulam 29 ônibus, que atendem a uma população de cerca de 26 mil habitantes.
As linhas disponíveis são sete, que vão para a Estação Pirajá, Lapa, Pituba,
Barroquinha, Campo Grande e Comércio. Mesmo com pavimentação e estruturas nos
pontos de ônibus e demanda de passageiros, os moradores chegam a esperar cerca
de uma hora para  chegar ao trabalho.
É o caso da
industriária Joice Gomes, 37, que 
diariamente sai de casa às 5h e só consegue pegar o ônibus até o centro
da cidade, onde trabalha, às 7h.  “Por
causa da demora, o ônibus sempre passa lotado, é muito transtorno. Tenho sempre
que pedir desculpas ao chefe pelos atrasos”, disse.
A escassez de coletivos
nos bairros limítrofes tem prejudicado, também, o comércio. Em São Tomé de
Paripe, que dispõe de uma frota um pouco maior – 34 veículos –,  comerciantes reclamam que clientes deixaram
de visitar a praia, principal ponto de lazer local, por conta da dificuldade de
acesso. Proprietária de uma banca da praia em São Tomé, Raimunda da Palma
Santos, 48, atribui o fraco movimento à carência de transporte coletivo no
bairro. “A população deixa de conhecer uma praia bela como esta porque não
existem ônibus suficientes para chegar até aqui, e isso prejudica o comércio”,
disse.
A Transalvador
esclarece que, para que haja um aumento ou qualquer reformulação da frota
atual, é preciso ser feita uma licitação definitiva. “Por uma determinação do
Ministério Público, nenhuma modificação pode ser feita no sistema de transporte
até que seja realizada uma licitação definitiva para a exploração desse
serviço”, explicou, em nota.
Fonte:
http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/materias/1445039-espera-por-onibus-chega-a-duas-horas-na-periferia

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*