É uma ilusão pensar que um dia Salvador deixará de ser engarrafada, diz especialista

O iBahia divulgou nesta semana que Salvador
tem uma das menores médias de automóveis por pessoa entre as capitais
brasileiras. Com a análise dos dados, pode-se inferir que a quantidade de
carros nas ruas não é a grande vilã do trânsito caótico da capital baiana. 
Segundo a analista de trânsito e transporte e
blogueira do iBahia, Cristina Aragón, o índice de propriedade de veículos por
pessoa em Salvador é menor do que em outras cidades em razão da baixa renda per
capita no município. Entretanto, ela considera que há muitos carros na capital
baiana, mesmo que a cidade tenha uma das menores médias de automóveis por
pessoa entre as capitais.
Para Cristina, há diversas razões para os
engarrafamentos na capital baiana, mas o histórico investimento prioritário
para o transporte individual e o sistema viário, em detrimento ao transporte
público, foi o principal motivo. “Isto não aconteceu apenas em Salvador,
mas em todo o país”. 
A analista de trânsito e transporte ressalta
ainda que o transporte público não é a solução definitiva para os
congestionamentos, o que pode ser notado em grandes cidades do mundo que
investiram neste setor e também sofrem com os engarrafamentos, a exemplo de
Nova York. “O transporte público dá uma opção para quem não quer ficar no
engarrafamento. É o que falta para a gente”, destaca.
Outra razão, de acordo com Cristina, é a
economia baseada na indústria automotiva. Se a redução do Imposto Sobre
Produtos Industrializados (IPI) movimenta a economia, por outro lado provoca
problemas injetando mais automóveis na cidade. “Todas as cidades estão
passando por isso. A percepção do engarrafamento é de todos”, afirma.
A falta de investimento em transporte
sustentável, sobretudo bicicleta, é outro motivo apontado por Cristina. Segundo
a analista, há uma demanda reprimida por este tipo de transporte, que seria
outra opção para fugir dos congestionamentos. Há pessoas que querem utilizá-lo,
mas têm medo.
De acordo com Cristina, o sistema viário
precisa ser resolvido, com a eliminação de retornos, o investimento nos
pedestres e a construção de viadutos e túneis, por exemplo. Para ela, a cidade
não é voltada para os pedestres, e sim para os carros.
Para os mais otimistas em relação ao trânsito,
um recado. “A gente pensar que um dia Salvador deixará de ser engarrafada
é uma ilusão”, afirma Cristina. Ela argumenta que as grandes cidades do
mundo continuam engarrafadas, mas nelas há a possibilidade de optar por não
entrar nos congestionamentos, o que os soteropolitanos não conseguem.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*