Maryangela Serra perdeu o baço, o rim, teve várias fraturas e viu seu amigo Leilson Nascimento morrer logo após um grave acidente de carro na região do Dique do Tororó no dia 11/6. Ela ficou presa nas ferragens do veículo, que, com o impacto, ‘abraçou’ um poste, e até hoje não voltou à rotina normal.
“Fiquei um mês e 15 dias internada. Não posso ficar muito tempo sentada ou de pé. Sinto dores fortes e perdi parte do movimento do pescoço”, afirma. A alta velocidade foi um dos motivos que levou Leílson a perder o controle do carro naquela madrugada. O acidente aconteceu a poucos metros de um dos radares da via, que não estava funcionando.
Atualmente, nenhum dos 50 radares instalados na cidade está em funcionamento. A situação dos 60 fotossensores, que deveriam flagrar os motoristas que invadem o sinal vermelho, não é diferente. No entanto, mesmo com todos os equipamentos desligados, a Transalvador garante que mais 80 novos radares e fotossensores deverão ser instalados na cidade até o final do ano.
No entanto, com a crise financeira da autarquia, que teve que reduzir sua frota para 93 motos e carros e desligar todos os radares e fotossensores, fica difícil acreditar que os novos equipamentos funcionarão até o final do ano.
Menos fiscalização, mais acidentes – Sem fiscalização eletrônica, o já caótico trânsito na cidade tende ao colapso. “Com o desligamento das barreiras eletrônicas, o volume de acidentes cresce e mais pessoas são vitimadas no trânsito”, afirma o presidente da Associação dos Servidores em Transporte e Trânsito do Município (Astram), Adenilton Júnior.
Para o especialista em trânsito, Elmo Felzenburg, o desligamento dos radares e fotossensores tem um impacto direto para o trânsito dos pedestres. “50% das mortes no trânsito são por atropelos. Os radares têm uma função importante na redução da velocidade de tráfego para reduzir as fatalidades e o grau de severidade de acidentes. Os sensores também influenciam na segurança dos pedestres. Eles vão ficar ao Deus dará”, declara.
“Estamos no século passado” – Os problemas enfrentados pelos agentes da Transalvador vão além do desligamento dos radares e fotossensores. Falta estrutura e valorização dos profissionais, que estão em greve desde o dia 18/10. “Não temos condições de trabalho. O agente quer prestar o serviço, mas é impedido. Não temos vestiários, os sanitários estão destruídos, as viaturas ficam estacionadas junto com os carros do público que vem até aqui…”, afirma Adenilton.
Segundo o presidente da Astram, faltam também equipamentos essenciais para o trabalho, como guinchos para veículos de grande porte e até mesmo cones. “As viaturas tinham que ter seis cones. Nenhuma tem cone hoje. Temos alguns na base e, quando a gente precisa, tem que vir, pegar, voltar para a área e fazer a canalização”, explica.
Ainda para Adenilton, seria preciso dobrar o efetivo para que a cidade tivesse uma cobertura eficiente da Transalvador. Já o especialista Elmo Felzenburg diz que a quantidade de agentes de trânsito ideal para uma cidade depende da tecnologia utilizada. No caso da capital, o especialista é categórico: “Estamos no século passado, muito atrasados em termos tecnológicos. A única coisa moderna que temos na cidade são os radares, que não funcionam”.
Fonte:
http://www.metro1.com.br/portal/?varSession=noticia&varEditoriaId=26&varId=21435
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