Os números disponibilizados pela Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador), referentes ao ano de 2012, atestam que a Paralela apresenta um índice de acidentes 21,8% superior ao da Avenida Antônio Carlos Magalhães (ACM), região com a segunda maior concentração de ocorrências da capital. Foram contabilizados no local, no ano passado, um total de 1.943 acidentes, com nove mortes.
O número de acidentes na Paralela é superior ao registrado na Avenida Brasil, via da capital carioca que apresenta 58 quilômetros de extensão e fluxo diário de 237 mil veículos. Segundo o Corpo de Bombeiros do Rio Janeiro, órgão responsável pela contabilização, o local registrou 2.193 acidentes em 2012, o que representa um índice 11,7% inferior ao de acidentes registrados na via de Salvador. Até a última quarta, levando em conta o ano de 2013, a Avenida Brasil apresentou 712 acidentes, com 13 mortes.
Discrepância – Segundo o diretor de trânsito da Transalvador, Marcelo Correia, a discrepância entre os números das avenidas Paralela e Brasil pode estar relacionada aos procedimentos de coletagem de dados. Correia afirma que Salvador tem uma excelente metodologia de apuração, que permite que informações sobre acidentes sejam obtidas não apenas no locais das ocorrências, mas também nas delegacias e nos hospitais.
“Até pouco tempo, o trânsito de Macapá era considerado o mais seguro do Brasil. Entretanto, foi percebido que nem todas as informações de acidentes estavam sendo coletadas no município”, disse Correia, ao considerar que os dados entre Salvador e Rio de Janeiro não podem ser comparados de forma conclusiva.
O diretor de trânsito da Transalvador também diz que o número de acidentes na Paralela não indica que a avenida seja a região mais arriscada para pedestres e motoristas de Salvador. “O número é explicado pelo volume de tráfego. Em termos de estrutura, podemos garantir que ela é totalmente satisfatória’.
O engenheiro e especialista em trânsito e transporte, Elmo Felzemburg, discorda que a discrepância seja explicada pelo procedimento de coleta de dados. O especialista, que afirma já ter trabalho em projetos relacionados à via carioca, diz que a Avenida Brasil possui padrões de segurança mais elevados, que deveriam ser adotados na capital baiana.
Felzemburg detalha que a avenida carioca não possui retornos em nível, o que costuma gerar acidentes em determinados pontos da Paralela. Além disso, a avenida no Rio possui passarelas de travessias em todos os pontos de ônibus, evitando que pedestres se arrisquem na via; e não possui semáforos, facilitando o tráfego de veículos. ” A Avenida Paralela é mais bonita. Tem um belo canteiro central. Mas precisa adotar melhores padrões de segurança”, disse.
Motivações – O jovem Márcio Santos, 22, vendedor de uma loja de móveis que fica em frente ao retorno de acesso ao Shopping Paralela, sentido Aeroporto, perdeu as contas do número de acidentes que já presenciou no local. Há quatro anos na empresa, Márcio destaca que a maioria do acidentes é provocada por motoristas que deixam a faixa central da avenida de forma abrupta, ao percebem a presença do retorno que pretendiam acessar.
“Ainda não presenciei mortes, mas já vi muitos capotamentos e batidas. Esse é um ponto crítico da Paralela. O excesso de velocidade aliado a outras imprudências colaboram para o grande número de acidentes”, acredita Márcio.
O taxista Alerte Caetano, que tem 12 anos de profissão, diz que no período de chuvas – como o que Salvador tem vivido nos último dias -, um aspecto da Avenida Paralela que tem provocado muitos acidentes é a quantidade de buracos. “Alguns motoristas tentam desviar das crateras e acabam provocando colisões”, afirma Alerte.
Sobre este assunto, a Superintendência de Conservação e Obras Públicas do Salvador informa que iniciou na última quarta-feira, 9, um operação emergencial tapa-buraco, que só será encerrada quando todas as crateras da via estiverem corrigidas.
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