Falta de estrutura inibe uso da bicicleta em Salvador

Que andar de bicicleta faz bem para a saúde, não
polui o meio ambiente e ajuda a fugir de engarrafamentos todo mundo já sabe.
Porém, fazer com que essa rotina deixe de ficar restrita aos finais de semana e
momentos de lazer não é tão fácil quanto parece. Em Salvador, cidade que se
aproxima dos três milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), não há infraestrutura para fazer da bicicleta
um meio rápido, seguro e eficaz de locomoção.
O engenheiro e especialista em tráfego urbano,
Hernani Oliveira Santos, acredita que criar ciclovias na capital baiana não é
uma tarefa fácil. Para ele, o trânsito de Salvador sofre pela falta de espaço
para se alargar as vias e, principalmente, pela falta de qualidade do
transporte público. “O transporte coletivo é um caos. Isso até já virou
chavão”, lembra, antes de expor a vivência de um cidadão urbano que costuma
usar o transporte coletivo em horário de pico. “Quem pega um ônibus às seis
horas bem sabe disso. Na primeira oportunidade vai querer comprar um carro”,
comenta o especilista.
Segundo o Departamento Estadual de Trânsito da
Bahia (Detran-BA), Salvador já conta com 787.653 mil veículos. Destes, 555.776
são carros e 96.291, motocicletas. Em dezembro de 2011, a frota era de 772.278
veículos.

Atualmente, a área reservada aos ciclistas se
restringe a cerca de 25 km de ciclovia na orla da capital, disputando espaço
com pedestres e corredores. Esse trecho não satisfaz a parte da população que
usa ou precisa da bicicleta como meio de transporte diário. Uma pesquisa da
Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), que visa a
construção de 217 km de ciclovias nas principais avenidas da cidade até 2014,
mostra que a maioria dos usuários são trabalhadores urbanos assalariados. A
obra integra os projetos de ampliação da infraestrutura da cidade para a
realização da Copa do Mundo.
O estudo da Conder, realizado dentro do conjunto
urbano Salvador / Lauro de Freitas (na Região Metropolitana) para o
desenvolvimento do projeto “Cidade Bicicleta – mobilidade para
todos”, aponta que 66% dos entrevistados usam a bicicleta para se deslocarem
até o trabalho e destes, 84% ganham até três salários mínimos. Apenas 19%
indicaram uso para o lazer. Sendo assim, fora os que precisam, poucos ainda se
arriscam a pedalar pelo meio dos carros.
Para o arquiteto da Conder e coordenador do
projeto, Itamar Kalil, com a criação de ciclovias e ciclofaixas a demanda de
usuários deve aumentar. É uma questão de facilitar a locomoção. “71% dos nossos
entrevistados falaram que se Salvador tivesse estrutura usariam bicicleta”,
diz.
Orçado em R$ 40 milhões, o projeto está em fase
de captação de recursos, mas o início das obras, segundo Kalil, está previsto
para o primeiro semestre de 2013.
O coordenador da Associação dos Ciclistas da
Bahia (Asbeb), Maurício Cruz, conta que muitas pessoas que tem bicicleta acabam
usando apenas em momentos de lazer, pois têm medo de enfrentar a disputa de
espaço no trânsito com os veículos motorizados. “Existe uma falta de respeito
muito grande no trânsito”, queixa-se.
Fonte:

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*