Agente de trânsito agredida em SP cobra punição: ‘Questão de honra’

A agente da Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos, no litoral de São Paulo, que foiagredida por um taxista no último fim de semana afirma que não consegue mais voltar ao trabalho e que sofreu graves danos psicológicos. Ela resolveu romper o silêncio e conversou com exclusividade com a reportagem do G1 na tarde desta quinta-feira (22).

A vítima, de 50 anos e mãe de dois filhos, prefere não ser identificada por medo. Ela conta que, por volta das 11h do último sábado, um taxista estacionou o carro na vaga destinada a deficientes físicos, na rua Floriano Peixoto, no Gonzaga. Ela chamou a atenção do motorista, que colocou o veículo na esquina, em outro local proibido. Como ele realizou duas infrações, a operadora resolveu multá-lo. Segundo ela, o motorista viu que estava sendo autuado e a agrediu.
A funcionária ficou com vários ferimentos na região do nariz. Logo após a agressão, o motorista fugiu. Já a funcionária acionou a central da CET e informou o que tinha acontecido. Ela foi levada para o Pronto Socorro Central de Santos onde recebeu atendimento médico e também fez um boletim de ocorrência de desacato.“Não sei se a intenção dele era atingir o meu rosto ou pegar os óculos, mas ele me machucou e eu fiquei muito nervosa. As pessoas que passavam ficaram apavoradas porque viram o meu rosto sangrando. Muita gente veio me ajudar. Eu não imaginava que eu ia ter aquele respaldo das pessoas. O pessoal ficou muito indignado com a situação”, diz ela.

O filho da agente ficou sabendo do caso por meio de amigos que viram postagens na internet. Ele ligou desesperado para a mãe, preocupado com a situação dela. “Meu filho soube. Repercutiu muito, eu mal imaginava. O menino me ligou apavorado”, disse a funcionária emocionada.

Há 18 anos na função, ela conta que já foi vítima de outras agressões, mas nenhuma foi tão forte como a que ocorreu na manhã do último sábado. “Há alguns anos já arrancaram talões e multas das minhas mãos. Tem pessoas que me vêem na rua e acham que eu sou linha dura, mas eu não sou linha dura. A gente tem bom senso, mas as pessoas também precisam respeitar o nosso trabalho”, falou.

A agente fala ainda que muitas pessoas tem uma ideia errada do trabalho dos operadores de tráfego da CET. Além da multa, a funcionária diz que há todo um trabalho de orientação e a autuação é o última medida a ser adotada. “As pessoas acham que se a gente está com a caneta na mão estamos dando autuação, mas a gente usa a caneta para fazer o controle da fiscalização”, explica.

Após o episódio, a mulher conta que, por enquanto, não tem condições psicológicas para retornar ao trabalho. “Não vou voltar tão cedo. Não tenho condições psicológicas para ir para a rua. Eu vou voltar porque esse é meu trabalho, mas por enquanto eu não posso”, afirmou.

Agora, a funcionária espera que o taxista seja punido pela agressão. “No que depender de mim ele vai ser punido. É uma questão de honra. Se ele não for punido vai fazer isso com outras pessoas na rua. Espero que situações como essa não ocorram novamente”, diz.

Taxista
A agressão foi registrada e está sendo investigada no 7º Distrito Policial de Santos. O taxista, que não teve o nome revelado pela polícia, já prestou depoimento e foi liberado em seguida. Além da agressão, ele havia ficado com os óculos da vítima, que foram devolvidos para a agente por meio do advogado do suspeito. 

Fonte: G1

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