A morte de um menino de 10 anos na tarde deste domingo, 14, na avenida Luís Viana (Paralela), reforça as estatísticas de atropelamentos em Salvador, que sofreram um aumento significativo no último ano.
De janeiro a agosto de 2014, foram registrados 980 casos na capital baiana, contra 881 ocorridos no mesmo período em 2013. Segundo informações da Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador), os bairros com maior número de ocorrências deste ano são Brotas (35 feridos e quatro mortos), Iguatemi (28 feridos e dois mortos), Pernambués (26 feridos e um morto), Cabula (23 feridos e um morto) e Barra (22 feridos).
Já as avenidas mais perigosas em relação aos atropelamentos são a Vasco da Gama (38 feridos e um morto), ACM (23 feridos e dois mortos), Afrânio Peixoto (19 feridos e dois mortos), Mário Leal Ferreira (10 feridos e quatro mortos), Octávio Mangabeira (12 feridos e dois mortos) e Paralela (10 feridos e três mortos).
Individualmente, nem todas as regiões registraram crescimento das ocorrências. Entre elas está a Vasco da Gama, com a redução de 45 vítimas (entre feridos e mortos) em 2013 para 39 em 2014; a Paralela, de 25 para 13; e o bairro de Brotas, de 48 para 39. Entretanto, bairros e avenidas que não apareciam em 2013 passaram a integrar o ranking de 2014, como Pernambués, Barra e Cabula.
Se o total de atropelamentos teve um acréscimo em quase 100 casos, as colisões com ou sem vítimas caminham no sentido contrário. Até 31 de agosto de 2013, a Transalvador registrou 2.098 casos, contra 1.307 no mesmo período em 2014.
De acordo com o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller, o grande responsável pela redução do número de colisões foi o aumento da fiscalização, em especial a eletrônica, cuja instalação foi ampliada neste ano.
“No que diz respeito aos atropelos, a gente está focado na instalação dos fotossensores, principalmente os que ficam próximos às faixas de pedestres. Além disto, dentro dos próximos 30 dias vamos lançar uma campanha para motoristas e pedestres para respeitar a faixa. Vemos muitos casos como esse da criança atropelada na Paralela, quando os pedestres atravessam a rua embaixo da passarela”, ressalta.
O menino foi atropelado por volta de 16h30 deste domingo, embaixo da passarela do Bairro da Paz. A criança tentou atravessar a pista sozinha e, apesar do trânsito lento na região, foi atropelada e morreu no local.
Causas de acidentes
A maioria dos acidentes é causada por um conjunto de fatores que envolve a cultura do condutor brasileiro e a sua postura emocional, que pode ser influenciada pelo medo de não cumprir compromissos, atrasos e outros acontecimentos do dia a dia.
Com base nisto, o especialista em educação, inteligência emocional no trânsito e segurança viária Rodrigo Ramalho afirma que mudanças positivas no trânsito devem acontecer a partir de três frentes: fiscalização, conscientização do condutor e controle do fator emocional, com a consequente prevenção do estresse.
Autor do livro “Educação Emocional no Trânsito: o medo e a raiva dos condutores”, Rodrigo explica a relação tênue entre o medo e a raiva gerada pelos obstáculos do trânsito, que podem resultar em um comportamento de risco do motorista.
“Existem alguns tipos de ansiedade que são frustradas na dinâmica do trânsito, como a pressa para chegar em algum compromisso. Nós vivemos em uma sociedade extremamente competitiva, e isso também se reflete no trânsito”, adverte.
Em relação aos atropelamentos, o especialista dia que eles são consequência do descontrole emocional de um ou todos os envolvidos. “Este tipo de acidente pode ser promovido pela pressa do condutor ou do pedestre, em querer atravessar a rua logo. Também pode estar conectado à falta de educação ou algum dolo eventual do condutor, como acelerar para mostrar que o pedestre errou ao cruzar a rua quando não devia”.
Prevenção
Entre as estratégias de prevenção a acidentes apontadas por Rodrigo Ramalho estão a preparação para o trânsito e o planejamento sobre o percurso e os horários a serem cumpridos, com o objetivo de evitar a ansiedade e o estresse causados por possíveis atrasos.
Outra dica é tentar controlar a raiva durante o trajeto. “Quanto mais você expressa sua raiva e buzina, mais você fica estressado. Nossa sociedade acredita que expurgar as emoções é mais saudável, mas é o controle e o exercício da paciência que devem prevalecer”, alerta Rodrigo, que está em Goiás para participar da Semana Nacional do Trânsito, que acontece entre os dias 18 e 25 deste mês, com o tema “Década Mundial de Ações para a Segurança do Trânsito – 2011/2020: Cidade para as pessoas: Proteção e Prioridade ao Pedestre”.
Com Informações do Portal A Tarde
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